Estudo etnobotânico de plantas medicinais por população da região do Vale do Juruena, Amazônia Legal, Mato Grosso, Brasil

Autores: Isanete Geraldini Costa Bieski, Marco Leonti, John Thor Arnason, Jonathan Ferrier, Michel Rapinski, Ivana Maria Povoa Violante, Sikiru Olaitan Balogun, João Filipe Costa Alves Pereira, Rita de Cassia Feguri Figueiredo, Célia Regina Araújo Soares Lopes, Dennis Rodrigues da Silva, Aloir Pacini, Ulysses Paulino Albuquerque, Domingos Tabajara de Oliveira Martins

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Importância etnofarmacológica

O uso de plantas medicinais para tratamento, cura e prevenção de doenças tem sido descrito por muitas pessoas desde tempos imemoriais. Devido a esse uso, surgiram interesses comerciais e científicos, tornando necessário realizar levantamentos etnobotânicos de espécies de plantas medicinais, o que é importante para bioprospecções químicas e farmacológicas subsequentes.

Objetivo do estudo

Este estudo teve como objetivo pesquisar, identificar, catalogar e documentar as espécies de plantas medicinais utilizadas no Vale do Juruena, no noroeste do Mato Grosso, Amazônia Legal Brasil para o tratamento de várias doenças humanas, bem como avaliar as espécies de interesse para o potencial de bioprospecção.

Materiais e Métodos

Os informantes foram entrevistados por meio de formulário semiestruturado para captar informações sobre dados sociodemográficos e etnofarmacológicos de plantas medicinais, como nome vernáculo, usos, origem geográfica, hábito, forma de preparo e parte utilizada. Os resultados foram analisados ​​por meios descritivos e quantitativos: índices de relato de uso (Ur) e fator de consenso informante (CIF), para a seleção de espécies de plantas com potencial terapêutico.

Resultados

Trezentas e trinta e duas (332) espécies de plantas pertencentes a 90 famílias foram relatadas para fins medicinais e um total de 3973 relatórios de uso foram relatados por 365 (92,9%) das pessoas entrevistadas. As famílias Asteraceae (32,2%), Fabaceae (26,7%) e Lamiaceae (24,4%) foram as mais representadas, sendo a maioria espécies nativas (64,45%) no Brasil. As folhas (64,5%) foram a parte da planta mais utilizada e a infusão (45,7%) foi a forma mais utilizada. Distúrbios gastrointestinais seguidos por queixas respiratórias lideraram a lista de relatórios de uso. As plantas nativas ou naturalizadas com maior número de relatos de uso, em ordem decrescente de frequência absoluta por categoria cônica, são Cymbopogon citratus (DC.) Stapfc (104), Mentha pulegium L. (94), Arrabidaea chica(Hum. & Bonpl.) B. Verl. (97), Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze (71), Baccharis crispa Spreng (57), Phyllanthus niruri L. (48), Gossypium barbadense L. (44), Solidago microglossa DC. (40) e Bauhinia forficata L. (20). E os exóticos mais citados são: Chenopodium ambrosioides L. (151), Aloe vera (L.) Burm. f., (89) e Rosmarinus officinalis L. (72). Em alguns casos, foram encontrados altos valores de CIF, o que reflete alto grau de homogeneidade de consenso entre informantes dessa região em plantas medicinais.

Conclusão

A população do Valle de Juruena faz uso de uma grande variedade de plantas medicinais distribuídas em todas as categorias de uso, com predominância daquelas utilizadas nos tratamentos de doenças gastrointestinais e respiratórias. O potencial terapêutico de algumas das espécies de importância medicinal amplamente utilizadas pela população da região foi validado cientificamente e, portanto, é um protótipo promissor de novos medicamentos. No entanto, existem algumas dessas espécies cujos usos etnomedicinais ainda precisam ser verificados cientificamente e, portanto, constituem um terreno inexplorado para futuros estudos biológicos / farmacológicos.

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