Caracterização e estabilidade dos compostos bioativos em amêndoas de baru (Dipteryx alata Vog.), submetidas a processo de torrefação

Autores: Lemos, Miriam Rejane Bonilla

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O Consumo de vegetais tem sido associado à prevenção de doenças crônicas relacionadas ao estresse oxidativo. A presença de compostos bioativos, muitos dos quais apresentam ação antioxidante, parecem estar associados neste efeito protetor. O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo, com biomas característicos e potencial medicinal ainda desconhecido, constituindo-se em patrimônios genético, científico, tecnológico, econômico e cultural a serem investigados, para sua devida exploração e preservação. A amêndoa do baru (Dipteryx alata Vog.), fruto nativo do Cerrado brasileiro, apresenta alto teor de taninos e fitatos, compostos com reconhecida ação antioxidantes. Estudos recentes demonstram que o consumo diário de amêndoa do baru [Dipteryx alata Vog.] reduz o estresse oxidativo induzido em ratos. O objetivo do presente estudo foi identificar os compostos bioativos e a atividade antioxidante na amêndoa do baru, além de investigar o efeito do processo de torrefação nos níveis destes compostos e na ação antioxidante da amêndoa. As amêndoas obtidas no comércio local de Brasília-DF, provenientes de três regiões do Cerrado (MT, MG e GO), foram previamente selecionadas e distribuídas aleatoriamente, em dois grupos distintos: amêndoa crua com película e amêndoa crua sem película. Parte das amêndoas destes dois grupos foi acondicionada em embalagens de polietileno transparente e armazenadas a -80ºC. O restante das amêndoas, com e sem películas, foi submetida à torrefação. A torrefação foi realizada em estufa sem circulação de ar a 150ºC/45 minutos. As amêndoas cruas e torradas foram trituradas e analisadas em triplicata. O total de compostos fenólicos foi quantificado espectrofotometricamente utilizando o reagente Folin Ciocalteu. Os compostos fenólicos individuais e tocoferóis foram avaliados por cromatografia líquida (HPLC). Os ácidos graxos foram determinados por cromatografia gasosa. A atividade antioxidante foi determinada utilizando-se o radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH). Aproximadamente 50% do conteúdo fenólico e 90% da atividade antioxidante (DPPH) estavam presentes na película das amêndoas de baru. Oito compostos fenólicos foram identificados em concentrações que variaram entre 67,7 e 224,0 mg/100g. O ácido gálico foi o composto predominante, seguido da catequina, ácido ferúlico, epicatequina, ácido p-cumárico, ácido elágico, ácido cafeico e ácido hidroxibenzoico na composição ddas as amostras de amêndoas. O processo de torrefação reduziu o teor de compostos fenólicos totais (p> 0,05), mas não o conteúdo do ácido gálico. Observou-se uma redução em cerca de 50% da atividade antiradicalar nas amêndoas com película, sugerindo que o ácido gálico apesar de predominante, pode não ser o bioativo responsável pela atividade antioxidante das amêndoas de baru. O teor de antocianinas foi de 0,6 mg/100 g em amêndoa crua com película e de 1,2 mg/100g nas demais amostras. O teor de tocoferóis variou de 2,0 a 2,7 mg/100 g em amêndoa torrada com película e na amêndoa crua sem película. Os ácidos oleico (C18:1), linoleico (C18:2), linolênico (C18:3), elaídico (C20:1) e tetracosenóico (C24:1), foram os principais ácidos graxos insaturados, representando cerca de 81% dos ácidos graxos das amêndoas e dentre estes, os ácidos oleico e linoleico foram os majoritários. O tratamento térmico utilizado para a torrefação das amêndoas de baru com e sem película, não ocasionou alteração significativa na composição dos ácidos graxos das amêndoas de baru. Conclui-se que embora o processo de torrefação reduza a atividade antioxidante, a amêndoa do baru torrada mantem propriedades nutricionais e antioxidante.

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